quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Previsão?

É madrugada, eu estou lendo um livro do Paulo Coelho. Muita gente critica ele, mas resolvi arriscar e mesmo assim ler, sempre fui de ver para crer. O livro se chama "Veronika decide morrer". Nas primeiras páginas eu me identifiquei com a personagem, mas agora eu acabei de ler um trecho que parece uma previsão para o meu futuro caso eu continue pensando como eu penso. A forma de ver a vida, de tratar os carinhas com quem ela fica ou namora (sei lá), o jeito como ela espera que as coisas aconteçam, tudo é igual em mim, deu medo disso. Eu estou me identificando cada vez mais com ela.
Bom, vamos ao enredo:
Veronika trabalha na biblioteca pública da cidade de Lubljana, capital da Eslovênia. Ela decide se suicidar por dois motivos. O primeiro é que tudo na vida dela era igual, e com a velhice, a tendência é só decair. O segundo é que o mundo já está cheio de tragédias e ela não pode fazer nada para evitar, então ela se sente inútil. Confesso que com o primeiro motivo eu não concordo, mas o segundo acho dignamente justifícável. Enfim, ela toma quatro caixas de comprimidos calmantes, mas alguém a encontra antes de ela morrer, e ela vai parar num asilo para loucos. Como o coração dela ficou muito fraco, ela tem cinco dias de vida e quer novos comprimidos para se matar antes do fim desses cinco dias. Não, ela não é louca. Aliás, esse livro traz uma boa definição para loucos que depois eu conto para vocês. Descobri faz poucos dias que há um filme sobre esse livro também. Quero assistir com certeza.

Vamos ao trecho. Só estou postando ele aqui, porque acho que daqui algum tempo vou ler mais uma vez, e depois outra, e outra....E então saber que não é isso que eu quero pra minha vida. Se eu continuar sendo assim posso acabar que nem ela, acho que sou covarde o suficiente pra não cometer suicídio, mas certamente seria infeliz pelo restante dos meus dias. Então isso é para lembrar que eu não quero mais ser assim. 

"Parou no meio do jardim gelado. Justamente porque achava que tudo era bobagem, ela terminara aceitando que a vida lhe tinha naturalmente imposto. Na adolescência, achava que era cedo demais para escolher; agora, na juventude, se convencera que era tarde demais para mudar.
E onde gastara toda a sua energia, até o momento? Tentando fazer com que tudo em sua vida continuasse o mesmo. Sacrificara muitos de seus desejos, para que seus pais a continuassem amando como a amavam quando criança, embora sabendo que o verdadeiro amor se modifica com o tempo, e cresce, e descobre novas maneiras de se expressar. Certo dia, quando escutara a mãe - aos prantos - lhe dizer que o casamento havia acabado, Veronika fora em busca do pai, chorara, ameaçara, e finalmente arrancara a promessa de que ele não sairia de casa - sem imaginar o preço alto que os dois deveriam estar pagando por causa disso.
Quando resolveu arranjar um emprego, deixou de lado uma proposta tentadora numa companhia que acabava de se instalar em seu recém-criado país, para aceitar o trabalho na biblioteca pública, onde o dinheiro era pouco, mas era seguro. Ia trabalhar todos os dias, no mesmo horário, sempre deixando claro aos seus chefes de que não a vissem como uma ameaça, ela estava satisfeita, não pretendia lutar para crescer: tudo que desejava era o salário no final do mês.
Alugou o quarto no convento porque as freiras exigiam que todas as inquilinas voltassem em determinada hora, e depois passavam a chave na porta: quem ficasse do lado de fora, tinha que dormir na rua. Ela sempre podia dar uma desculpa verdadeira aos namorados, para não ser obrigada a passar a noite em hotéis ou leitos estranhos.
Quando sonhava em casar, imaginava-se sempre num pequeno chalé fora de Lubljana, com um homem que fosse diferente se seu pai, que ganhasse apenas o suficiente para sustentar a família, que ficasse contente com o fato de que os dois estavam juntos numa casa com a lareira acesa, olhando as montanhas cobertas de neve.
Educara a si mesma para dar aos homens uma quantia exata de prazer - nem mais, nem menos, apenas o necessário. Não sentia raiva de ninguém, porque isso significava ter que reagir, combater um inimigo - e depois ter que aguentar as consequências imprevisíveis, como vingança.
Quando conseguiu quase tudo o que desejava na vida, chegou a conclusão que a sua existência não tinha sentido, porque todos os dias eram iguais. E decidira morrer."

domingo, 9 de janeiro de 2011

Só mais um

Eu estou mais uma vez aqui. E assumo que é por não saber o que dizer, porque se soubesse sairia presenteando a todos com a minha voz falando o que eu quisesse, sendo esses presentes desejáveis ou não.
Enquanto isso você está sei lá onde, com sei lá quem, fazendo sei lá o que. Essas coisas me desagradam totalmente. Eu já lhe disse alguma vez que eu não sei o que eu quero? Acho que talvez só uma, mas não foi o suficiente para você perceber o peso que essa dúvida tem pra mim. Nos últimos meses eu aprendi como é difícil lhe fazer acreditar que as coisas que eu digo não são da boca para fora, principalmente as que eu digo uma só vez. 
Eu odeio essa sua liberdade, eu odeio essa sua independência de mim, eu odeio a sua não-necessidade do meu amor, odeio o fato de ter sempre que esperar o pior de você, odeio a forma como você nunca me surpreende, odeio, odeio, odeio. Toda essa inconstância me consome aos poucos; nunca gostei de perder o controle das situações e não é agora que vou aprender a gostar. Eu tento transformar todo esse ódio em amor, mas parece que as poucas vezes que eu consigo você sequer nota...e eu acabo me odiando, muito.
Mas pode ficar tranquilo, o ódio não está sempre presente. Só em horas como agora, quando parece que tudo importa para você, menos eu. Nas horas que você diz que me ama e que precisa de mim pra ficar bem, mesmo eu ainda não sabendo se é verdade ou não, a minha vontade é de que o tempo pare só para eu ficar com você.
E antes que alguém diga alguma coisa a respeito, eu assumo: sou muito egoísta.