sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Um Dia.



Hoje está um dia lindo.

De uma hora para a outra a minha percepção captou esse fenômeno. Foi como se tudo tivesse se despido da antiga face e tomado novas fisionomias. Eu acordei e achei que hoje seria um dia como outro qualquer. Nada fora da rotina, é.
Realmente, não me foi proposta e nem dada a oportunidade de nenhuma atividade que me permitisse sair da rotina. De uma forma inexplicável, o encantamento pelo que geralmente é visto como o mais simples e comum foi-me despertado. A complexidade das pessoas e a busca pela verdade, hoje me despertaram um interesse maior que o habitual. Eu vi os seres humanos de uma forma diferente, só isso.
Deitei no banco do carro e fui olhando para o céu, enquanto a terra girava, enquanto o vento levava as nuvens, enquanto aquele veículo se deslocava. Eu estava com fones nos ouvidos, a música soava como um hino. A combinação daquela melodia com o azul do céu, o branco das nuvens e os movimentos me fez sorrir. Há muito tempo eu não sorria por olhar o céu, ou sentir a luz do sol tocando meus olhos, e eu nunca havia sorrido daquela forma por tal motivo. Eu olhei para o céu e senti a música de uma forma diferente, só isso.
Senti o vento desmanchando a ordem dos meus cabelos e espalhando poeira pela minha pele, e tudo que eu fiz foi desejar que eu sempre quizesse assim, sem me irritar pelo fato do vento provocar tal desordem. Eu enfrentei o vento de uma forma diferente: amando-o, só isso.
Foi como se ficar parada só obeservando e sentindo com o olhar, o olfato e a audição fosse a forma mais sublime de encontrar prazer. Eu não poderia descrever os sentimentos nem as sensações que me causaram tudo isso, essa é a razão de tamanha imprecisão na descrição desse fenômeno.
Hoje eu acordei e vi beleza onde realmente temos que ver beleza, hoje eu me apaixonei pelo que é mais corriqueiro aos nosso olhos. Hoje eu não adormeci para não perder nem um segundo do que um movimento de rotação pode conter dentro de si. Hoje eu sorri pelo fato da vida se chamar vida, essa palavra gostosa de se pronunciar e sentir. Eu vi o mundo com um olhar de quem olha diferente, só isso.

Eu espero que um dia todas as pessoas possam acordar assim: metade sonhadoras, outra metade amantes de tudo que as cerca. Eu desejo que ao menos uma vez as pessoas possam ver a beleza que exige mais que só os olhos para ser vista. 

Hoje está um dia lindo!

domingo, 8 de agosto de 2010

O Desaparecimento do Seu Desacerto Maior

O meu maior temor era você perder o medo de cuspir-me algumas verdades, além das que já escrevia com sua saliva por todo o meu corpo, em cima daquelas cicatrizes que você fazia questão de checar se estavam profundas o suficiente, periodicamente. Eu não sei o que eu fiz com você, nem sei se a culpa foi minha, mas você não hesita em dizer que sim. Aconteceu o que eu temia.
Foi dificil ouvir que eu sou um erro, o erro que você jamais queria ter cometido.
Eu nunca pude cuspir de volta, eu nunca quis. Eu nunca lhe machuquei intencionalmente, mesmo que você não acredite. A única marca que eu fiz questão de deixar foi exatamente no lugar em que você não checava em mim se ainda existia uma cicatriz profunda: no coração. Eu direcionei todos os instrumentos cortantes ao meu alcançe para que essa marca em seu órgão vital nunca mais desapareça. Se as suas dores se encontram em mais algum lugar, é por inabilidade sua. Não sabia mais como me atingir e passou a machucar a si próprio, sem perceber. Incompetente.
Hoje eu perdi a vontade de ouvir você dizendo que me ama e que precisa de mim para ficar bem. Nínguém precisa do maior erro da vida para ser feliz, não quando esse erro é uma pessoa, não quando esse erro sou eu. Vê se tenta me esquecer de verdade dessa vez.
Esse foi o último texto em que a palavra você faz referencia à sua pessoa. Eu não lhe dedicarei mais nada. E como você mesmo disse: adeus!