segunda-feira, 26 de julho de 2010

Infantilidade de Gente Grande

Eu estou prestes a dar um passo, não sei se ele vai dar em um outro caminho, ou simplesmente em um abismo. Era tão bom ser criança: eu chorava porque minha mãe levantava a voz pra mim ou eu caía e me machucava, ficava triste quando acordava tarde demais e perdia os desenhos na tv, tinha raiva quando meu amiguinho pegava meu brinquedo preferido, me preocupava quando tirava 8 em uma prova, brigava quando uma brincadeira não saía do jeito que eu queria. Minha prioridades eram mesmo hilárias, mas super importantes pra mim, que fique bem claro.
A gente sente quando uma coisa está acabando, eu estou sentindo nesse momento. Engraçado, eu não percebi o término da minha infância. Eu comecei a ver que algumas coisas não me importavam mais, e surgiram problemas novos, antes não considerados como tais.  As pessoas começaram  a não me considerar uma criança: eu não podia entrar mais em alguns brinquedos no parque de diversões, não ganhava mais presente de dia das crianças, não chamava mais a professora de tia.  Era tudo novo, eu não queria isso.
Foi aí que eu decidi manter a essência infantil sempre comigo. Mas parece que as pessoas não gostam quando a gente age como se nunca tivesse crescido, isso deve ser coisa de adulto. Eu nunca entendi, sempre quando a gente toma uma atitude que não digna de aprovação, dizem que estamos agindo como criança.
O que é ser criança?
É manter o sorriso no rosto? Ser egoísta ao ponto de manter as coisas que lhe fazem bem perto de você? Zelar por alguma coisa e acreditar que ela tem vida e sentimentos? Correr por aí como se toda a energia do mundo fosse sua? Ser inocente ao ponto de crer na bondade e em sentimentos puros? Encontrar soluções práticas e achar que tudo é complicado demais para se preocupar tanto?
Se for isso, eu sempre ajo como criança. Porque quando a gente é assim, sabe que existe maldade, mas acredita que ela mora bem longe. A gente não se sente incapaz, porque sempre sabemos que um dia alguém vai nos ensinar aquilo que queríamos tanto aprender.
Eu tenho medo, medo de entrar em um mundo desconhecido onde os sentimentos não são prioridades, medo de perceber que a maldade pode morar ao lado da minha casa ou até comigo, medo de sentir que eu sou como a maioria dos adultos, medo dos próximos passos, medo de chorar por alguma coisa que não seja a voz da minha mãe em um tom mais alto ou  um arranhão provocado por uma queda durante uma corrida.
Eu estou prestes a dar um passo, e eu não quero acreditar que ele vai dar em um abismo. Eu tenho medo do que é ser adulto.

sábado, 17 de julho de 2010

Meu Arbítrio

Todo esse tempo só fez tudo melhorar. Aquela necessidade de algo que eu nunca consegui sentir que era meu, acabou. Eu voltei a ser como antes. Se as velhas sensações não me satifaziam, as novas também não tiveram esse poder. Por isso, prefiro permanecer com as antigas, sei lidar melhor com elas.
Vou continuar almejando algo que eu nunca consegui descobrir o que é. Vou permanecer não querendo grandes mudanças, nem a intensidade que a maioria das pessoas esperam. Vou continuar atrás de algo que me permita ser diferente. E talvez ainda sim eu não me sinta bem. Eu não ligo, pelo menos não agora.
Todo mundo tem a necessidade de um grande sentimento, de alguém. Eu também tenho, ou tive, mas é que pra mim o espaço a ser preenchido é bem maior. Eu não consegui o suficiente para acabar com esse vazio, ficou no máximo meio cheio. Sentir-se feliz pela metade nunca foi minha meta, então eu volto a estar vazia. Esperando que uma coisa só possa preencher isso tudo. A espera de uma vida inteira.
Toda essa balela dita por mim, justificativas para algo que você não iria entender. Talvez se eu conseguisse fazer com que se sinta como eu, você poderia entender. Tudo em vão. Essa chuva que não para de cortar minha pele já deixou cicatrizes tão profundas que uma vida inteira com você tantando curá-las não seria suficiente. Vai embora, você não é capaz de entender.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Nossa Infração

Aconteceu, assim, como eu calculei. Está tudo indo bem, eu espero. Eu nunca consegui definir muito bem o que acontece entre a gente, simplesmente acontece.
As vezes me parece que isso pode estar indo longe demais, mas pensando bem, eu nunca soube o que é ir muito longe. Eu sempre tive medo, ainda tenho. Anda devagar comigo, eu demoro para me acostumar com cada centímetro novo desse caminho. Mas eu prometo que se você mantiver este ritmo e não largar a minha mão, eu vou aonde você quiser.
Você nunca soube, mas não é preciso nada além do que essa história está me oferecendo, não da sua parte. Eu cheguei a achar que isso podia ser um jogo, mas em um jogo os participantes jogam em iguais condições. E nesse caso eu sei que tenho mais armas que você, e pretendo mantê-las comigo para no caso de eu precisar. Então, por enquanto a gente não joga, sem brincadeiras.
Eu não quero promessas, não quero frases repletas de sentimentos, não quero ser o seu oxigênio. Eu quero fazer você querer não prometer, abandonar os sentimentos, eu quero ser seu gás carbônico. Tudo sem você perceber, tudo calculado.
Então vem, que nessa nossa história a gente não precisa do amor. Então segura a minha mão, que eu vou aonde você quiser. Sorri pra mim, que eu acreditarei que em você eu já achei tudo que eu poderia encontrar. Então me abraça, que ao invés de me sentir um ser frágil e protegido, eu quero é sentir-me mais forte.
Então vem, que para se amar a gente não precisa do amor. E se amar sem amor não for possível, nós faremos ser.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Sobre um nobre pedido

Eu sei. Sei exatamente em quais pontos eu errei, e ainda continuo errando. Eu sei o quanto eu te fiz mal. Eu sei o quanto as lágrimas que caíram dos teus olhos doeram em cada centímetro do teu rosto, e em cada milímetro do teu coração. Eu também senti essa dor. Eu sei que eu direcionei todas as tuas expectativas a mim, e não correspondi a nenhuma. Eu sei que eu matei toda a esperança que um dia existiu em ti. Desculpe-me.

Eu me peguei mais uma vez sentindo-me culpada, por tudo. Absolutamente tudo, sem enumerações ou citações específicas aqui. Já aprendi que dizer 'eu te amo' é bem mais fácil que pedir desculpas.
A gente vivia num mar de acontecimentos, eu não tinha tempo para parar e pensar. Eu só tinha que nadar. Usei isso como minha maior justificativa durante todo esse tempo, e não pensei. Na realidade, assumir o erro me faria chorar, enlouquecidamente. Então eu nadei. Continuei com aquilo tudo e disse que te amava.
Hoje eu parei, fiz do oxigênio algo dispensável e mergulhei. Sentei no ponto mais profundo de todos os acontecimentos - não sei se exatamente aqueles de antigamente, mas acontecimentos - e resolvi pensar.
A culpa é nossa, a culpa é de todos os envolvidos. O orgulho sempre cega as pessoas, faz com que elas queiram estar certas e acreditem nisso. Hoje eu resolvi me igualar a esse criminoso, para tentar vencê-lo e não permitir que ele cometa o crime de acabar com a minha visão. Percebi onde errei, não sei como concertar sem cometer o mesmo erro. Mas se para ti reconhecer for o suficiente, aqui vai o meu pedido de desculpas.

Não tome uma atitude atrás da outra. Pare de nadar, pense. Questione-se. Ás vezes um pedido pode mudar tudo, em você.