sábado, 11 de setembro de 2010

Sobre um final, ou o preparo pra um começo

Tanto tempo...E a única razão foi só por não sentir, não saber, não querer, não identificar...
Li uma vez que isso faz parte de um ciclo:


"A preguiça física nos impede de mudar. Mas basta uma faísca entre dois neurônios para que nossa mente nos aponte para outra direção. Das duas uma: ou tu segues as novas coordenadas, que te podem levar por terrenos inóspitos e até mesmo campos minados, ou optas por permanecer no curso antigo, ignorando a intermitente buzina que te avisa: “estás no caminho errado”." (Lucas Silveira)

Estou sem direção agora. Talvez a vontade de abandonar o antigo caminho tenha sido tão grande, que eu o deixei mesmo sem ter um novo rumo em mente. Viver alheio às suas próprias vontades, até mesmo quando essas vontades não existem, pode ser um exímio caminho para a loucura. Eu juro que eu ainda não enlouqueci.
Agora me pego ouvindo músicas a procura de algum verso que traduza tudo que habita meu ser. Uma, duas, três...cinquenta, nenhuma responde o que há em mim. Elas costumavam conversar comigo, agora não mais. Pergunto-me se não fui eu que desaprendi a ouví-las. Assumo que a dor que outrora senti me rendeu um bom consolo; eu sabia onde doía, porque doía, eu sabia que algo eu sentia, era confortante, era melhor que agora. Eu juro que não vou enlouquecer.
Agora me pego relendo cartas, cartões, bilhetes, anotações. Tudo lembranças de um passado, justificativas de um presente, é. Escritos cujas autorias são de pessoas que um dia acharam que eu merecia o registro de uma parcela de carinho; escritos que costumavam, também, conversar comigo. Hoje, o diálogo estabelecido se resume ao significado e junção das palavras. 
Algumas vezes a gente promete amar pra sempre, diz pra um alguém que ele é a única coisa que importa, jura estar sempre ali. MENTIRAS! Sim, hoje, é uma mentira. No exato momento da emissão das promessas talvez consigamos fazer com que se torne uma verdade; e a gente acredita na validade das nossas próprias palavras, e que pode fazer tudo se cumprir. ILUSÃO! Nunca consegui cumprir nada disso, não me lembro de ter prometido, mas o que mais me vem na memória são as palavras de quem me prometeu.
Alguma coisa me tirou do meu antigo rumo, conheço muita gente que chama isso de amor. Eu receio que o que pode me colocar de novo em algum caminho seja exatamente a mesma coisa. Eu escolho permanecer sem estrada, se é que eu tenho o direito de escolher.